"I got bad vibes"


Gostaria de testar ser um adulto melhor, porém mergulho, muitas vezes, na minha própria consciência e descubro que há situações que não nos permitem ser. Várias reclamações de como o mundo poderia ser diferente chegam aos ouvidos, mas enquanto meus pés não se desgrudarem do chão, a terra vai continuar girando e estarei parado em uma solidez eterna.

Se um dia eu tentar me desprender (adoro usar essa palavra, me dá alívio) e encontrar a felicidade que tanto idealizo, espero que esteja comigo a velha sabedoria, que por ora me deixa e me prende aos desejos mais absurdos; fechando meus olhos e abrindo minha mente para receber o que há de melhor e pior. Ah, que saudade da criança utópica, da saúde boa, da risada frouxa e dos prazeres nos desprazeres, que me faziam rir nos momentos mais inoportunos. Saudades do velho sentir que hoje talvez nem sente tanto; uns dizem que é do signo, aquário, mas eu, às vezes, nem ligo muito pra isso. Se eu fosse acreditar em tudo que eu lia sobre como poderia ser o meu dia, eu já tinha era ficado rico com meus números da sorte ou saído de casa com uma blusa amarela porque aquela seria a minha cor do dia.

Eu tenho uns livros pra ler, algumas cervejas para tomar, uma graduação pra concluir e um amor pra encontrar. A felicidade (a verdadeira mesmo) eu encontro no intervalo entre a alegria e o ódio.


Texto: João Oliveira

Ela sabia o que era desejo - embora não soubesse que sabia. Era assim: ficava faminta mas não de fome, era um gosto meio doloroso que subia do baixo-ventre e arrepiava o bico dos seios e os braços vazios sem abraço. Tornava-se toda dramática e viver doía.   Clarice Lispector - "A hora da estrela"

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